domingo, 29 de junho de 2008

Como é difícil escrever o que sinto , pois é uma confusão de sentimentos ,não sei ao certo em quem confiar a não ser em meus pais ,irmãos e no Fabrício ,neles vejo a verdade e a preocupação real comigo sem pedir ou esperar algo em troca .
Percebo que todas as pessoas lá fora tem algum tipo de interesse quando se aproximam das outras ,seja ele encoberto ou escancarado ,e é deste interesse encoberto do qual tenho tanta apreenção pois não sei de onde vem .
Como pode não haver sinceridade ,honestidade e humanidade com o outro , entendo por isso que todos queiram salvar a si próprios , em seu benefício é o que mais importa .
Amigos ; eles se descrevem assim , mas não existem de verdade , fazem-se passar por boas mas depois vejo que não .Tudo que é dito na minha frente não é igual nas minhas costas , falo dos falsos amigos dos que pensava que fossem queridos ,do cinismo pelo qual estou rodeado e do qual não aguento mais .
Mas queria dizer que não sou assim ,quando gosto ,gosto de verdade ,me apego fácil as pessoas e sempre me decepciono porque espero o mesmo delas .Eu me importo com os outros apesar de não ser uma pessoa que demonstra grandes gestos de afeto em público ,me preocupo e é com o coração ; ao deitar em minha cama quentinha penso nas pessoas que estão lá fora passando frio e quando tomo meu leite quente com chocolate penso o mesmo , rezo e peço que um dia seja diferente que não aja tanta injustiça .
Não tenho muito que ajudar e nem por isso vou me fazer de coitadinha , sempre que posso ,pelo menos tento , divido o que tenho e sou o que sou em qualquer lugar sem hipocrisia e falsidades.

domingo, 22 de junho de 2008

Ao Amor Antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.


Fonte: Carlos Drummond de Andrade

domingo, 15 de junho de 2008

Sou Eu

Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.

E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.

E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.

Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.

Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.

Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.

Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.

Sou eu mesmo, que remédio! ...

Álvaro de Campos

domingo, 8 de junho de 2008

Show do Maná em Porto Alegre e eu Não vou


Há meses, o fim da turnê "Amar es combatir", da banda mexicana Maná, estava definido - 8 de maio, em Monterrey, no México. Estava de bom tamanho, pois seria o 112.º show da excursão, depois de mais de um ano na estrada. Mas, segundo conta o vocalista e guitarrista Fher Olvera, alguns muitos e-mails de fãs brasileiros fizeram o grupo adiar as férias - eles fazem shows no Brasil em junho, em São Paulo (4 e 5), Rio (6, no Citibank Hall) e Porto Alegre (dia 8). - Começamos a receber centenas de e-mails vindo do Brasil, pedindo que a banda passasse por aí. Estávamos cansados, mas não podíamos ignorar isso, tocar no Brasil é ótimo. Combinamos: "Ok, mas será o último país" - lembra o vocalista da banda, que depois aceitou mais uma data, dia 12 de junho, na República Dominicana.

O apelo junto aos fãs brasileiros não é novidade, como atestam seus shows anteriores no país (2001, 2002 e 2006) para casas lotadas e os mais de 500 mil CDs vendidos aqui - no mundo inteiro, são 22 milhões. Ajudou muito na boa relação com o Brasil o sucesso da gravação com Santana de "Corazón espinado" e da balada "Vivir sin aire" (tema das personagens namoradas de "Mulheres apaixonadas", vividas por Aline Moraes e Paula Picareli). Mas Olvera acredita que a conexão da platéia brasileira com o Maná - a formação tem ainda Sergio Vallín (guitarra), Juan Calleros (baixo) e Alex González (bateria) - tem outras explicações.

- Os brasileiros conseguem captar a alma de nosso trabalho. Não importa se entendem só metade da letra ou pouco mais que isso - diz o vocalista, lembrando que o Maná tem uma canção em homenagem ao seringueiro e ambientalista Chico Mendes. - O que Chico fez é importante para todo o mundo. Ele é um símbolo das pessoas que se arriscam pelo que acreditam. Você vê isso também em Che Guevara. Chico Mendes é o Guevara da floresta.

Nas canções, o discurso politizado da banda se mistura com romantismo, regados a guitarras e violões, numa mescla latina de pop e rock. Não à toa, a frase "Amar es combatir" (amar é combater), do poeta mexicano Octavio Paz, batiza a turnê que passa pelo Brasil. Amor e combate, os dois assuntos favoritos do Maná.

- "Amar es combatir" refere-se ao bom combate, onde não há inimigos e sim combatentes. Há respeito por quem está do outro lado. Ouvi uma vez Bono (o vocalista do U2, grupo com o qual o Maná é freqüentemente comparado) falar de sua difícil relação com o pai, marcada por muita luta, mas também por muito amor. É disso que falamos - reflete Olvera.

A turnê "Amar es combatir" - por seu gigantismo, um marco na carreira do Maná - se transformou no CD/DVD ao vivo "Arde el cielo" (Warner), que acaba de chegar às lojas e inclui duas faixas-bônus, inéditas. O registro, a banda garante, é fidelíssimo ao que foi ouvido no palco, sem correções. Os erros, diz o vocalista, estão lá, "mas fazem parte da emoção". Se há falhas, elas passam despercebidas em meio à estrutura - som, luz, efeitos - de 69 toneladas.

- Estamos tentando dar o próximo passo, trabalhando com pessoas que fazem espetáculos de artistas como Madonna e Rick Martin. Nosso show está mais teatral - diz o músico, aproveitando para reforçar a fidelidade a seus princípios. - Mas não iremos gravar em inglês pensando no mercado americano, continuaremos cantando em espanhol. E não seguiremos modismos. Não é porque o reggaeton está na moda, por exemplo, que iremos tocar reggaeton. A moda não presta.

Musicalmente, o grupo mantém a coerência ao longo de sua carreira de mais de 20 anos ("Queremos continuar, talvez chegar a ser como os Rolling Stones, porque quando você está se divertindo o futuro é só um desdobramento do presente", diz Olvera). Uma trajetória marcada por poucos discos de estúdio, com longos intervalos entre eles - está programado para 2009 o sucessor de "Amar es combatir", que saiu em 2006.

Quem sabe um dia vou !