domingo, 8 de junho de 2008

Show do Maná em Porto Alegre e eu Não vou


Há meses, o fim da turnê "Amar es combatir", da banda mexicana Maná, estava definido - 8 de maio, em Monterrey, no México. Estava de bom tamanho, pois seria o 112.º show da excursão, depois de mais de um ano na estrada. Mas, segundo conta o vocalista e guitarrista Fher Olvera, alguns muitos e-mails de fãs brasileiros fizeram o grupo adiar as férias - eles fazem shows no Brasil em junho, em São Paulo (4 e 5), Rio (6, no Citibank Hall) e Porto Alegre (dia 8). - Começamos a receber centenas de e-mails vindo do Brasil, pedindo que a banda passasse por aí. Estávamos cansados, mas não podíamos ignorar isso, tocar no Brasil é ótimo. Combinamos: "Ok, mas será o último país" - lembra o vocalista da banda, que depois aceitou mais uma data, dia 12 de junho, na República Dominicana.

O apelo junto aos fãs brasileiros não é novidade, como atestam seus shows anteriores no país (2001, 2002 e 2006) para casas lotadas e os mais de 500 mil CDs vendidos aqui - no mundo inteiro, são 22 milhões. Ajudou muito na boa relação com o Brasil o sucesso da gravação com Santana de "Corazón espinado" e da balada "Vivir sin aire" (tema das personagens namoradas de "Mulheres apaixonadas", vividas por Aline Moraes e Paula Picareli). Mas Olvera acredita que a conexão da platéia brasileira com o Maná - a formação tem ainda Sergio Vallín (guitarra), Juan Calleros (baixo) e Alex González (bateria) - tem outras explicações.

- Os brasileiros conseguem captar a alma de nosso trabalho. Não importa se entendem só metade da letra ou pouco mais que isso - diz o vocalista, lembrando que o Maná tem uma canção em homenagem ao seringueiro e ambientalista Chico Mendes. - O que Chico fez é importante para todo o mundo. Ele é um símbolo das pessoas que se arriscam pelo que acreditam. Você vê isso também em Che Guevara. Chico Mendes é o Guevara da floresta.

Nas canções, o discurso politizado da banda se mistura com romantismo, regados a guitarras e violões, numa mescla latina de pop e rock. Não à toa, a frase "Amar es combatir" (amar é combater), do poeta mexicano Octavio Paz, batiza a turnê que passa pelo Brasil. Amor e combate, os dois assuntos favoritos do Maná.

- "Amar es combatir" refere-se ao bom combate, onde não há inimigos e sim combatentes. Há respeito por quem está do outro lado. Ouvi uma vez Bono (o vocalista do U2, grupo com o qual o Maná é freqüentemente comparado) falar de sua difícil relação com o pai, marcada por muita luta, mas também por muito amor. É disso que falamos - reflete Olvera.

A turnê "Amar es combatir" - por seu gigantismo, um marco na carreira do Maná - se transformou no CD/DVD ao vivo "Arde el cielo" (Warner), que acaba de chegar às lojas e inclui duas faixas-bônus, inéditas. O registro, a banda garante, é fidelíssimo ao que foi ouvido no palco, sem correções. Os erros, diz o vocalista, estão lá, "mas fazem parte da emoção". Se há falhas, elas passam despercebidas em meio à estrutura - som, luz, efeitos - de 69 toneladas.

- Estamos tentando dar o próximo passo, trabalhando com pessoas que fazem espetáculos de artistas como Madonna e Rick Martin. Nosso show está mais teatral - diz o músico, aproveitando para reforçar a fidelidade a seus princípios. - Mas não iremos gravar em inglês pensando no mercado americano, continuaremos cantando em espanhol. E não seguiremos modismos. Não é porque o reggaeton está na moda, por exemplo, que iremos tocar reggaeton. A moda não presta.

Musicalmente, o grupo mantém a coerência ao longo de sua carreira de mais de 20 anos ("Queremos continuar, talvez chegar a ser como os Rolling Stones, porque quando você está se divertindo o futuro é só um desdobramento do presente", diz Olvera). Uma trajetória marcada por poucos discos de estúdio, com longos intervalos entre eles - está programado para 2009 o sucessor de "Amar es combatir", que saiu em 2006.

Quem sabe um dia vou !