domingo, 21 de setembro de 2008

O título

Voltou os olhos turvos para além do que seria o horizonte
Princesa presa
Confinada em suas próprias paredes desbotadas
Talvez também em seus próprios pensamentos
Tristes
Saudosos
Magoados
Desencantados
Como foi que perdeu
Seus sonhos?
Em que momento
Enclausurou-se na torre mais alta
Do reino?
Os olhos são mortos...

Não é mais bela a princesa
O coração secou como uma flor velha
E ali, à pequena janela
Sente a vida extinguir-se vertiginosamente
De suas veias.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

ODEIO ESTE TEXTO

"(...)Eu odeio que encostem o cotovelo, a bunda ou uma cerveja molhada em mim enquanto eu tento encontrar um espaço para dançar. Eu odeio que encostem em mim, odeio a pele de um desconhecido indesejado.
(...)Odeio homens que olham para bundas como se admirassem uma carne pendurada no açougue e odeio mais ainda quando fazem bico e aquele sim com a cabeça, tipo "concordo com o mundo que ela é muito gostosa". E se ele fizer aquela chupada pra dentro do tipo "hmmmmm delícia" já é algo que ultrapassa os limites do meu ódio.
(...)Odeio mau hálito e mais ainda o fato de que justamente as pessoas podres são aquelas que falam mais baixo e nos obrigam a ter que chegar perto. Eu odeio machismo, submissão e mais do que tudo isso ter que ser forte o tempo todo e não ter um ombro másculo para chorar até minha última gota desamparada.
(...)Odeio pessoas muito oleosas, muito peludas, muito suadas e acima de tudo meninas que cheiram a lavandas e fragrâncias doces ,me deixam enjoada .
(...)Odeio quem comemora porque passou numa faculdade que meu primo de 8 anos passaria e quem diz "peguei a mina".
(...)Odeio os Estados Unidos mas odeio muito mais o fato de a gente ter sangue europeu mas ficar imitando esses estúpidos, que também têm sangue europeu mas são estúpidos por herança criada. Odeio a frase "eu vou no super, comprar umas cervas para o churras".
(...)Odeio quem passa o dia no shopping com a família, churrascaria com aquele desfile de bichinhos mortos, principalmente porque você está lá tranqüilamente comendo e vem alguém com um espeto (que é grosseiramente imposto ao seu lado), te espirra sangue, fala um nome idiota e você nunca sabe exatamente de que parte se trata.
(...)Odeio quem casa virgem, odeio quem chega em casa depois de uns malhos no carro e enfia o dedo no meio das pernas porque tava louca para dar mas "ele ia me achar muito fácil". Mas eu também odeio mulher que sai dando pra meio mundo e perde o mistério. Sei lá, essa coisa toda de dar vai ser sempre uma dúvida.
(...)Odeio meninas caçadoras de homens ricos mas odeio sair com um cara que está tentando começar um relacionamento e ter que rachar a conta, seria mais simpático me deixar pagar a conta toda. Rachar é péssimo.
(...)Dividir banheiro, pêlo alheio em sabonete, acordar cedo e meninas adolescentes peruas com voz de pato.
(...)Quando eu era criança sonhava todas as noites que arrancava os olhos de todo mundo e só eu podia enxergar o quanto era feio eu ser como sou."

domingo, 14 de setembro de 2008

ANGÚSTIA

do Lat. angustia
s. f.,
estreiteza;
aperto;
limitação de espaço;
opressão;
aflição;
desgosto;
tribulação;
agonia.



Será que essa falta de ar que venho sentindo nas últimas 30 horas é angústia?
Do mesmo jeito que falta, sobra o ar, sufoca, invade, domina, determina, pede, leve, peso, dia, noite, falta, excesso... Tudo ao mesmo tempo... O mais difícil é a sensação de perder algo que já não era mais seu, de abrir mão do que não lhe pertence, de sentir falta do que nunca existiu de verdade, apenas a ilusão cretina de segurança que a minha necessidade infantil de proteção criou. Como sempre afirmei, não é possível sentir falta de algo que nunca teve!
Mas acho que na verdade isso tudo é medo, medo do novo, medo do bom, medo de crescer, de se tornar realmente responsável por si, medo de fazer a escolha, medo do erro, da revolta, do arrependimento, medo de perder as migalhas que lhe são jogadas quando ao fim do banquete.

Porque decidir é tão difícil? Porque preferimos a tragédia à opção?
Não sou mais aquela menina que acredita no acaso, cresci, tenho que acreditar na conseqüência, afinal toda ação uma reação, cada escolha uma renúncia... Mas renunciar a que?
Tenho necessidade que segure os meus pés quando tenho frio, mas você nem liga pra isso, acho que nunca percebeu o quanto era importante... Nunca percebeu quem eu sou... Se quiser saber, sou forte, sou frágil, sou mutável, sou solidão, sou desespero, sou carência, sou fiel, sou feliz, sou amor, sou ódio, sou ANGÚSTIA, ou melhor, estou angústia... Mas a culpa não é sua, a culpa é única e exclusiva da minha falta de coragem para ser feliz, a falta de coragem que tenho de me torna alguém... A culpa é do meu comodismo, do meu excesso de exigência, de querer que se torne o meu reflexo, mas como posso querer isso, se muitas vezes não gosto do que vejo quando olho no espelho !!

domingo, 7 de setembro de 2008

'' If Only ''



Ontem tive uma grande e grata surpresa. Deram-me um filme dizendo: “Veja, vai gostar”. Olhei que filme era e o nome não me dizia nada, nunca tinha ouvido falar. Ficou duas semanas entre vários dvds para assistir .Pois bem, assisti e estou balançada até agora.



Sentei-me então diante desta tela em branco e fiquei pensando em como recomendar o filme, tarefa que se revelou um tanto mais complicada do que parecia. Falar sobre filmes que são considerados obras de arte, que têm elementos inusitados, atores pouco óbvios, motes surpreendentes é relativamente fácil, acredite. O difícil é falar sobre algo que precisa fugir da pecha de piegas, a linha que separa a pieguice do drama é realmente muito tênue.



É engraçado falar sobre Antes que Termine o Dia porque geralmente não assisto a filmes feitos para chorar, não tenho paciência. Ainda mais um que eu saiba previamente que é feito pra chorar, como foi o caso. No entanto, este, sem que entenda muito bem o porquê, me prendeu. Nem que quisesse eu poderia desligá-lo depois que comecei.



Outro motivo que torna inusitado falar sobre este filme é o fato de a Jennifer Love-Hewitt ser protagonista dele. Ah, já sei, você deve estar se perguntando: “Como assim? Resenha de filme da Jennifer Love-Hewitt? Alô-ou! Ta louca?”. E certo, eu também pensaria assim. Mas antes de fechar a tela, acredite: vale a pena.



Em contraposição a tudo o que pudesse servir de motivo para não ver e ainda mais não falar sobre este filme, há um rol de razões para fazê-lo. Por exemplo, não se trata de um artigo comercial, apesar de hollywoodiano e conta com uma trilha sonora lindíssima. Além disso, discute um assunto absolutamente delicado de forma bastante sutil, esbanjando sensibilidade, levando à reflexão e até mesmo à introspecção.


O filme começa enfocando um casalzinho jovem e bonito acordando junto num belo apartamento e cuidando da vida. Ele um executivo bem sucedido, ela uma musicista muito talentosa. Nada errado a um olhar superficial. Mas, se perscrutarmos um pouco mais, detectamos logo os erros. Muitos.



Então é inevitável nos perguntarmos: quantas mudanças não faríamos em nossas vidas se tivéssemos a visão clara de tudo o que está errado? Muitas, eu garanto. Quantas vezes nos portamos de maneira absurda e até mesmo abjeta, sem sequer nos darmos conta? E quantas coisas importantes perdemos por negligência, por não enxergarmos o óbvio?



E por que é que não temos essa visão? Será alguma deficiência, limitação inerente ao ser humano? Duvido muito. Todos nós temos plena capacidade de perceber todos os elementos presentes em nosso dia a dia, apenas vivemos imersos demais em nossos próprios umbigos e em nossos problemas para refletirmos o quanto agimos equivocadamente a torto e a direito.



O que você faria se olhasse a morte de frente? Entraria em pânico? Provavelmente. E mesmo que ela estivesse ali para alertá-lo sobre a sua conduta, ficaria tão paralisado que sequer poderia fazer algo a respeito. Certo? E se ao invés da sua própria morte, vislumbrasse a morte daquele que mais ama? Se visse diante de si a perspectiva de não poder ver de novo aquele que está sempre ali à sua volta, e que muitas vezes é negligenciado sem que você sequer se dê conta disso? Se entendesse que amanhã aquela pessoa não estaria ali para ouvir nada do que tivesse a dizer, ainda que merecesse um pedido de desculpas ou uma declaração de amor? Alguns ainda assim ficariam paralisados. Outros tentariam aproveitar o pouco tempo que resta. Quem sabe até pudessem mudar algo do que fosse acontecer? Quem sabe pudessem fazer valer a pena um dia juntos, mais até que uma vida inteira?



É este o enfoque da história, por isso o título original “If Only”. E se? Só se...



O filme lida de maneira admirável com sentimentos controvertidos como arrependimento, culpa, impotência. E saudade, amor, cuidado. Quanto é suficiente? Como é que sabemos quando se está deixando a desejar num relacionamento? Se ao menos nos déssemos ao trabalho de olhar em volta e perceber a infelicidade do outro, poderíamos facilmente identificar quando agimos errado. E mais, poderíamos evitar o sofrimento daquele a quem amamos e até mesmo corrigir os nossos passos.



Mas e então, tudo andou errado. Ainda há o que consertar? Há. Requer mais coragem contorcer-se de culpa ou se esforçar para mudar? Lamentar o erro ou aprender com ele? Existe uma segunda chance? Sempre há tempo para mudar o rumo da estrada?



Todas estas questões estão em Antes que Termine o Dia. Um filme basicamente sobre sensibilidade. Sobre a bênção que é ser tocado por coisas sutis. Feliz daquele que se emociona sem restrições, que consegue ver beleza nos lugares mais insuspeitos, que agradece as pequenas coisas. Não estou falando de se debulhar em lágrimas enquanto ouve baladas, mas de saber fechar os olhos e apreciar o calor do sol, o barulho da chuva, o riso de alguém que se ama. Feliz daquele que olha o mundo e enxerga cores, luz, dádivas, oportunidades. Porque sentir é um dom e aquele que não sente vive em vão e, portanto, já está morto.